Certamente,
você já ouviu falar que, na Cátedra de Pedro, houve uma Papisa que
teria governado a Igreja Católica Apostólica sob o nome de João IV, e que na realidade seria uma mulher de nome Joana. Eis os fatos e a verdade: Em
Roma os arqueólogos encontraram uma estátua de origem pagã, tendo ao
seio uma criança. Retrata, possivelmente Juno que amamentava Hércules.
Foi levada ao Museu Chiaramonti. Sob ela, lia-se P.P.P. – Abreviações de
“Propria pecunia possuit” – Construída por sua própria custa –
maliciosamente, entretanto, alguns historiadores chegaram à frase:
“Parce patrum papisae prodito partum” ou “Papa pater patrum perpeti
papisa apepellum.”
Duas correntes surgiram, uma a Chronica Universalis Mettensis
redigida por volta do ano de 1250 afirmando que o fato se deu após o
pontificado de Vitor III (+1087); outros, que foi após Urbano II (+1099)
e há quem afirme que foi a sucessora de Sérgio III (+914).
Esta
corrente fala que uma mulher disfarçada de homem e que era muito
inteligente, razão pelas razões foi nomeada notária da Cúria Pontifícia
chegando-se a Cardeal e Papa. Eis que um dia, surge grávida e montada em
seu cavalo foi acometida das dores do parto, dando à luz uma criança do
sexo masculino. Pelo crime, foi condenada ao esquartejamento por
cavalos, sendo neles amarrada foi arrastada por vários quilômetros,
enquanto era apedrejada por populares cheios de ódio.
Há, todavia, uma segunda. A Chronicon pontificum et imperatorum que
propala que seu nome real era João da Inglaterra; que fora levada em
trajes masculinos para Athenas, onde estudou, granjeando grande
erudição. Foi para Roma, disfarçada de monge, usando o nome de João
Angélico. Lá ensinou o “trivium” (Gramática, retórica e dialética),
tendo como discípulos grandes mestres da época. Foi eleita papa
(papisa). Mas, estando grávida, encontrando-se entre o Coliseu e a
Basílica de São Clemente, deu à luz publicamente, morrendo em
consequências desse parto e foi enterrada no mesmo local. Isto teria
ocorrido após o Pontificado de Leão IV (+855), a quem sucedera.
Otão de Freising afirma que ocorreu em 705.
Interessante
que nos séculos XIV a XV, a história gozava de crédito, tanto que no
Concílio de Constança (1414-1418) o herege João Huss, usando da palavra,
mencionou a papisa Joana, e nem sequer foi contestado, originando a
exploração da narrativa, multiplicando-se livros e folhetos contra a
Igreja.
No século
XVI ante as fragilidades históricas, João Thurmaier, o “Aventino”
(+1534) in “Annales Boiorum”, luterano, reconheceu a fraude da lenda.
Onófrio Panvínio (+1568) a negou ao escrever suas anotações sobre a vida
dos papas, publicadas em 1557, em Veneza.
A
refutação total da lenda foi empreendida por Florimundo de Remond, em
1558, em Paris, ao publicar “Erreur populaire de la papesse Jeanne”,
mostrando sua impossibilidade total, confrontando mais as suas
contradições
Verifica-se ainda que, nos séculos IX- X e XI, quando dizem tê-la acontecido, não há sequer um historiador a mencioná-la.
A série
de Papas entre Leão IV e Bento III mostra a impossibilidade de
intercalações de qualquer papisa, principalmente a reinar em tempo
superior a dois ano e sete meses. Mesmo em outras épocas não há brechas
na lista dos papas.
Por
último, o Papa João IV reinou de 640 a 642, era originário da Dalmácia
(Croácia); nasceu no ano de 600, substituiu o Papa Severino e foi
substituído pelo Papa Teodoro I, tendo sido o 72ona lista.
A conclusão, clara, portanto é:
Jamais houve um Papisa na Cátedra de Pedro.
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